Brasília - O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) criou nova polêmica na Câmara dos
Deputados hoje ao questionar a sexualidade da presidente Dilma Rousseff
em discurso no plenário. O parlamentar destacou que, em audiência na
Câmara ontem, representantes do Ministério da Educação teriam discutido a
inclusão do combate à homofobia nos currículos escolares. Bolsonaro
lembrou que a presidente Dilma tinha ordenado a não distribuição nas
escolas de material relativo ao combate à homofobia, chamado de kit gay
pelo deputado do PP e outros parlamentares evangélicos.
"O kit
gay não foi sepultado ainda. Dilma Rousseff, pare de mentir. Se gosta de
homossexual, assume. Se o teu negócio é amor com homossexual, assuma.
Mas não deixe que essa covardia entre nas escolas de 1º grau", afirmou
Bolsonaro. O pronunciamento de Bolsonaro foi retirado das notas
taquigráficas pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA), que ocupava a
presidência da sessão, a pedido do deputado Marcon (PT-RS). Caberá agora
ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), decidir se o
pronunciamento ficará registrado nos documentos da Casa.
Em
conversa por telefone com a reportagem, Bolsonaro afirmou que não era
sua intenção questionar a sexualidade da presidente da República. "Não
me interessa a opção sexual dela, eu só não quero que esse material vá
para a escola". Ele afirmou que estava falando do amor de Dilma com a
"causa homossexual". Chegou a comemorar e disse que a polêmica criada em
cima da declaração era positiva. "Uma frase equivocada está ajudando a
levantar o mérito da discussão".
O deputado Alfredo Sirkis
(PV-RJ) criticou o colega ainda pela manhã durante a sessão. Afirmou que
as declarações de Bolsonaro podem significar quebra de decoro
parlamentar. A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), pediu
que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tome "providências
enérgicas" em relação a Bolsonaro. Marta afirmou que Bolsonaro está "sem
freio de arrumação" e foi além dos limites do decoro parlamentar em seu
pronunciamento, faltando com o respeito à presidente da República.
O
discurso do deputado do PP teve ainda questionamentos ao ministro da
Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São
Paulo. "Povo paulistano, será que o Haddad como prefeito vai colocar uma
cadeira de homossexualismo no primeiro grau?", perguntou Bolsonaro.
Mais tarde, o parlamentar voltou à tribuna da Câmara. Dessa vez, foi
menos incisivo contra a presidente e sugeriu que ela possa estar sendo
enganada por Haddad e pela ministra Maria do Rosário (Direito Humanos)
na discussão sobre o combate à homofobia nas escolas.
Agencia Estado DF
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