Mato Grosso - Em depoimento ao Ministério Público Federal, o analista técnico do
Ministério das Cidades Higor Guerra confirmou que foi pressionado a
adulterar seu parecer em um projeto de transporte, do Ministério das
Cidades, para a Copa de 2014.
Guerra atribui a pressão à gerente de projetos do ministério, Cristina
Soja, e à diretora de Mobilidade Urbana, Luiza Vianna. O documento
afirma, no entanto, que ele "não sabe dizer sobre de quem partiu a ordem
para o procedimento adotado por Luiza e Cristina, de adulteração dos
autos do processo".
Em conversa com a Folha, Guerra não quis responder se em algum
momento ouviu falar que a ordem teria partido do ministro Mário
Negromonte (Cidades). "Tudo o que tenho a esclarecer está no depoimento.
Não quero mais exposição. Não tenho o menor envolvimento partidário,
sou técnico, pai de família, só quero sossego".
Reportagem publicada pelo jornal "Estado de S. Paulo" revelou que a
pasta adulterou parecer de um técnico, permitindo a implantação de um
VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) em vez de uma linha rápida de ônibus na
cidade de Cuiabá (MT). A mudança elevou em R$ 700 milhões o valor das
obras.
Segundo o relato de Guerra, a movimentação teria começado após o governo
federal ter tomado a decisão política de alterar o projeto.
A movimentação se intensificou, de acordo com o técnico, depois de o
Ministério Público de Mato Grosso solicitar informações ao Ministério
das Cidades.
CONVERSAS DESGASTANTES
O servidor declarou que em outubro foi claramente pressionado a mudar
sua nota técnica, o que não considerava habitual. "A partir desse dia [6
de outubro], teve quatro dias de desgastantes conversas com Cristina
Soja, pois o depoente se recusou a alterar a nota técnica que já tinha
produzido".
Ele disse que manteve sua posição "no sentido de que a nota técnica
destinava-se a subsidiar uma decisão do governo e não poderia ser
retirada, pois isso seria um procedimento irregular.
Guerrra aponta que " o cronograma apresentado pelo Estado para a
conclusão da obra do VLT era falho, pois previa várias fases sendo
realizadas ao mesmo tempo de forma incorreta, a exemplo da obtenção de
licenciamento ambiental ao menso tempo em que se fazia a licitação".
O analista disse que descobriu a adulteração em novembro, "com a
extração de sua nota técnica e a inserção de outra com a mesma
numeração" e que em seguida decidiu pedir transferência do setor em que
trabalhava.
O Ministério das Cidades negou que haja irregularidades no projeto, que
ainda nem foi licitado, e abriu sindicância para apurar se os servidores
agiram ilegalmente no processo de alteração do modal de Cuiabá.
Folha
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